terça-feira, 27 de outubro de 2009

Formação Docente em Educação Ambiental: Uma aborgagem crítica às práticas existentes.

A questão da formação docente em Educação Ambiental tem sido alvo de muitos debates teóricos, de autores como Bonotto (2005), Chaves e Farias (2005), Gouvêa (2004), Guimarães, Soares, Carvalho e Barreto (2008), Gallo (2000) e Loureiro (2008).

A gravidade e o crescimento dos problemas ambientais levaram a humanidade a repensar suas ações e seu modo de vida, refletindo sobre a relação ser humano-natureza que vem se dando até então de forma depredatória, exploratória e, por isso, insustentável.

A capacidade do ser humano de atuar sobre o meio ambiente, modificando-o, deu à ele uma sensação de “superioridade” em relação à natureza. Sensação que só é verdadeira, segundo Chaves e Farias (2005), numa perspectiva de curto prazo.

A garantia de um futuro depende de uma reflexão sobre a relação entre homem-natureza, sobre o comportamento do ser humano diante dos recursos naturais. (CHAVES E FARIAS, 2005)

Segundo Bonotto (2005), considerando a contribuição que o campo educativo pode dar na alteração dessa situação, nas últimas décadas, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, espalharam-se discussões e propostas a respeito da Educação Ambiental. Acredita-se que através de uma educação que abranja não só a área de conhecimentos da natureza, mas que esta seja articulada com concepções e valores a serem identificados e revistos, trabalhando de forma interdisciplinar, seja possível subsidiar uma proposta de sociedade ambientalmente responsável.

Segundo Barreto, Carvalho, Guimarães e Soares (2008) a Educação Ambiental está presente nas escolas, como apontam pesquisas recentes (2004 e 2006) realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Mais de 90% das escolas acreditam praticar alguma forma de Educação Ambiental, mas o que vemos na maioria das escolas hoje são reflexões críticas sobre o assunto, mas pautadas em práticas conservadoras, que acabam presas a uma “armadilha paradigmática”, refletindo o problema gerador da crise. A intenção é boa, mas se está envolvido em um pensamento hegemônico de “como fazer”, um pensamento cartesiano, que produz ações fragmentadas e descontextualizadas.

Práticas pouco comprometidas com as idéias de Educação Ambiental Crítica e Transformadora apresentadas por Loureiro (2008), que propõem uma educação inspirada na superação das formas de dominação capitalistas, compreendendo o mundo em sua complexidade como totalidade. Que propõem denunciar as dicotomias da modernidade capitalista e do paradigma analítico-linear, não dialético, que separa atividade econômica da totalidade social; sociedade e natureza; mente e corpo; matéria e espírito; razão e emoção; etc.

De acordo com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, a Educação Ambiental

“Tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária [...]. A Educação Ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político. A Educação Ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.” (TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL, 1992, p.2)

Com essa mesma visão de Educação Ambiental Crítica, Gouvêa (2004) acrescenta que as práticas esporádicas relacionadas a datas comemorativas, a atividades pontuais desvinculadas da realidade sociocultural, a desenvolvimento de projetos específicos como, por exemplo, criação de hortas, reciclagem de lixo e denúncias descontextualizadas de “ecocatástrofes” (GOUVÊA, 2004, p. 165) não produzem, efetivamente, mudança nos padrões de consumo, na maneira de viver da sociedade globalizada e na relação de exploração do ser humano para com a natureza.

Para que a Educação Ambiental não perca a sua finalidade, e se constitua em um processo educativo permanente, contínuo e intrínseco à educação, é necessário que esta seja entendida como fator essencial tanto para a qualidade da educação, como para o direcionamento da formação docente, pois a abordagem disciplinar não abrange a complexidade do processo educativo. (GOUVÊA, 2004)

Flávia Carvalhal.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Palestra Consumo, Educação e Desequilíbrio Ambiental. PUC-Rio


Objetivos:
  • Refletir sobre processos de constituição de subjetividades consumistas;
  • Evidenciar a relação entre cultura do consumo e aquecimento global;
  • Pensar sobre o papel da educação nesse contexto.
Palestrantes:

Solange Jobin - Profa. Dra. do Depto. de Psicologia, PUC-Rio.
Marcelo Andrade - Prof. Dr. do Depto. de Educação, PUC-Rio.

Mediação:

Léa Tiriba - Profa. Dra. do Depto. de Educação, Coordenadora do NIMA-Edu e do Curso de Especialização em Educação Ambiental/ PUC-Rio.

Dia 08/10
às 18 horas
Local: Auditório Pe. Anchieta - PUC Gávea
Rua Marquês de São Vicente, 225. Gávea/RJ

Realização: Curso de Especialização em Educação Ambiental/ PUC-Rio

Espero todos vocês lá!

domingo, 27 de setembro de 2009

Patrimônio Cultural e Ambiental perdido...


Ontem tive o prazer de fazer um passeio fantástico, graças ao grande professor do Curso de Especialização em Educação Ambiental da PUC-Rio, Celso Sanchez, que nos proporcionou uma tarde agradabilíssima de uma aprendizagem sem tamanho. Pessoal, descobri que em Itaipu, logo ali em Niterói, existe um verdadeiro paraíso, cultural e ambientalmente falando, que muita gente frequenta e não tem idéia do que pode ser encontrado ali.
Começamos nosso fantástico passeio pela praia de Itaipu, onde podemos encontrar tartarugas marinhas, cavalos marinhos, tubarões, entre outros. Como não entrei no mar, pude ver apenas as tartarugas marinhas colocando suas cabeças para fora da água para respirar.
Ainda na praia nos deparamos com uma população Caiçara que vive da pesca, e preserva costumes até hoje que são históricos.
Tivemos a oportunidade também de ir até o Museu Arqueológico de Itaipu, é um museu pequeno, mas extremamente rico em cultura. Tivemos oportunidade também de passar por um Sambaqui, que é um depósito de materiais calcários e orgânicos que sofreram fossilização química, de origem humana pré-histórica. O de Itaipu é da época da Pedra Lascada.
Continuamos o passeio até um rio que atravessamos em um barquinho de pesca, comandado por um figura super simpática que sabe tudo da região, chamado Índio. Do outro lado do rio nos deparamos com o ponto alto do passeio, a tribo indígena.
Na tribo pudemos conhecer um pouco mais sobre a educação indígena, sobre as pressões políticas que aquela tribo sofre (inclusive eles estão de mudança para Maricá... Infelizmente conseguiram tirá-los de lá!) e sobre a religião deles. Tivemos a honra de participar de um ritual religioso na Casa de Reza e saímos de lá revigorados.
Voltamos e atravessamos o rio de volta, como já era noite, contemplando as estrelas.
Enfim, um passeio realmente fantástico...
Pena que muitas das coisas que contei aqui, inclusive a comunidade Caiçara, o Sambaqui, e etc, estão ameaçados pela especulação imobiliária no local.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Reflexão...

Esse texto não tem conexão direta com Educação Ambiental... Mas sua essência explica muito do que anda acontecendo no mundo, com as pessoas e, consequentemente, com a natureza...

Cirurgia de lipoaspiração.
por Herbert Vianna

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos "lipo-as e muito mais piração?"

Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação.

Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.

Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.

A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.

Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu tambem quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal mas...

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, e não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude.

Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.

"Cuide bem do seu amor, seja ele quem for."

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Campanha Adotar é Tudo de Bom!!

Veja o que diz Fernando Thuler, da assessoria de imprensa da Pedigree, que faz a campanha “Adotar é tudo de bom”:

“Postamos no YouTube o vídeo “Ajude-nos a Ajudá-los”. Para cada visualização, doaremos 1 prato de ração para cachorros abandonados. A meta é chegar a 100 mil acessos, repassando assim 100 mil refeições para cães sem teto”.

Vamos lá, pessoal, vamos ajudar a Pedigree a ajudar a cachorrada!

http://www.youtube.com/watch?v=2DR6XqBKkSM&eurl=http://blogs.band.com.br/barbaragancia/index.php/2009/08/13/pau-na-maquina/&feature=player_embedde

sábado, 18 de julho de 2009

Primeiro passeio da turma do curso de especialização em Educação Ambiental - PUC Rio

"Ecolimites"... Apartação, divisão, contenção ou segregação?


Antes de abordar o problema dos “Ecolimites” impostos nas comunidades do Rio de Janeiro, precisamos abordar um tema mais antigo que antecede essa questão, o problema da ocupação desordenada nas encostas.
A cidade do Rio de Janeiro é composta por muitos vales, e, consequentemente, por montanhas, e isso propiciou a ocupação da população pobre nas encostas dessas montanhas, pois essa grande parte da população composta por escravos “libertos” que não possuíam moradia, e composta também por uma população oriunda de outros estados, principalmente do Nordeste, que veio a procura de melhores condições de sobrevivência, formando assim uma população marginalizada.
Essa população marginalizada, não tendo condições de moradia, passou a ocupar desordenadamente encostas do Rio de Janeiro.
Essa ocupação se deu durante anos, e isso foi aos poucos afetando o meio ambiente de diferentes formas. Uma delas é o desmatamento, causado pela derrubada de árvores, degradação e retirada da vegetação arbustiva e rasteira, para fixação de moradias, a erosão do solo causada por corte do morro de forma desordenada provocando desmoronamentos, o abate e desalojamento da fauna nativa, a introdução de flora exótica, entre outros.
Devido à má distribuição de renda, ao deficit de moradia, às altas taxas de desemprego, somado às facilidades de construir ou adquirir um imóvel nas comunidades, essa ocupação desordenada acontece até hoje, agravando cada vez mais os problemas ambientais citados acima.
Com esse “pretexto” o governo do Rio de Janeiro criou um projeto destinado à conter essa ocupação que vem crescendo cada vez mais, chamado de “Ecolimites.” Os “Ecolimites”, a princípio, eram muros de 3 metros de altura que “cercavam” as comunidades para que estas não invadissem mais o espaço de mata nativa que ainda resta. Mas, houve uma série de pessoas que foram contra, acreditando ser a questão ambiental, uma desculpa para marginalizar ainda mais os pobres, moradores das comunidades, separando-os da cidade, da “civilização”. O projeto foi revisto e os muros de 3 metros foram então, trocados por muros de 1 metro, “caminhos ecológicos” e parques.
Alguns dos que foram contra mudaram de idéia com a revisão do projeto, dizendo ser este sim, um projeto humanitário, outras pessoas, muitas moradoras da comunidade, afirmaram que qualquer projeto voltado para as comunidades é bem vindo, tendo em vista que são sempre esquecidas pelo governo. Ainda tiveram opiniões que não mudaram, pois defendem que a idéia do muro não foi separar comunidade e natureza, e sim, cidade e comunidade, “ricos” e pobres, excluindo o máximo possível os pobres e “favelados” da civilização.
E podemos perceber que há contradição no projeto, eles alegam que os “Ecolimites” estão sendo feitos nas comunidades se expandem mais rapidamente, mas as escolhidas não são as que se expandem mais rapidamente, e sim, são as mais próximas dos bairros de maior poder aquisitivo, os bairros da zona sul do Rio de Janeiro.
Acredito que um projeto que vai nos custar 40 milhões poderia pensar um pouco mais no bem-estar do ser humano. Claro que devemos pensar no meio ambiente e nos ecossistemas, pois o equilíbrio destes que garantem uma vida digna e saudável na Terra. Mas não podemos nunca desvincular o ambiental do social, pois os seres humanos também fazem parte do meio ambiente e dos ecossistemas que o compõe.
Criar muros não é a melhor solução, é apenas uma medida paliativa que não vai durar muito tempo. A solução é trabalhosa, à longo prazo e só interessa ao meio ambiente e aos prejudicados com a desigualdade social. Não interessa aos “poderosos” deste país, nem aos “poderosos” de nenhuma parte do mundo. Por enquanto...